#16 Frio até a espinha [CD04]
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Crônica Digital 04: Frio até a espinha
"Minha nossa que frio!"
Era quase dez da noite e a temperatura só iria baixar conforme entravamos noite a dentro. Athena continuava acordada, focada nas batalhas como um Noctowl faria, mas eu não conseguiu parar de tremer e gaguejar enquanto comandava seu treinamento. As vezes conseguia ver lentidão em alguns movimentos, mas como ela já era bem calma reagindo as coisas não sei se realmente era cansaço.
Não passamos a tarde inteira treinando também. Eu decidi viver a vida um pouco e esqueci de manter o treino regular, e no final da tarde decidi que seria bom recuperar o treino fazendo isso de noite. Que ideia estúpida. Só porque uma caverna de gelo está fria ao meio dia não significa que a noite vai estar a mesma coisa.
"O Delibird vai atirar o Presente. Use Voar!"
E lá para o teto ela ia, desviando do projétil brilhante que o Delibird tinha tirado de sua sacolinha. Depois de uma mudança brusca de trajetória, ela descia rapidamente e acertava o Pokémon nas costas.
"Muito bem Athena!"
Faltava só um pouco para ela atingir os níveis de força dos outros Pokémon, e ajudava muito a caverna ter Pokémon raros que aumentavam rapidamente a experiência. Eram batalhas muito ricas para se aprender a desviar de ataques, utilizar sua força máxima e considerar o campo de batalha.
O Caminho Gélido era uma caverna que ficava entre a Rota 44 e a cidade de Blackthorn, onde o último ginásio de Johto me aguardava. O lugar era coberto de gelo do chão ao teto, e entre as partes quase inabitáveis aos humanos estava um monte de Pokémon que não conseguia viver em nenhuma outra parte da região por causa do calor. Hoje estávamos enfrentando muitos Delibird e Swinub, e isso me fazia lembrar dos desafios no ginásio do Pryce. Até parecia que não tínhamos ganhado a insígnia e ficamos presos eternamente naquele lugar. Mas bastava só um pouco de paciência para andar no gelo escorregadio e lá estava a saída para a cidade. Mesmo de noite, dava para sentir um grande bafo quente quando deixávamos a caverna e íamos em direção a cidade dos dragões.
De repente um Golbat apareceu no canto da caverna. Como era de noite, provavelmente ele estava ali para caçar o que estivesse mais fraco e desatento. Os seus olhos não deixaram uma vez a garganta de Athena, que ele deve estar observando desde algumas batalhas atrás. Finalmente um pouco de ação para me esquentar no frio.
"Athena, olha quem chegou! Um amiguinho para a gente brincar."
Ela me olhou de canto e se preparou para a defesa do que viria. O que aconteceu então me surpreendeu. Geralmente os Golbat e Zubat atacavam com Mordida, Suga-vidas ou alguma coisa assim, talvez até Raio da Confusão, para tentar tirar algum dano ou atordoar quem eles atacavam. Dessa vez foi um Golpe de Ar bem cheio, quase motivado pela força do ódio.
"Cuidado Athena!" gritei enquanto dava tempo.
O ataque fez com que neve se espalhasse por onde estávamos e o maldito do Golbat veio para cima enquanto Athena estava tentando entender o que acontecia a sua volta.
"Cabeçada Zen!" gritei.
Da nuvem de neve saiu um Golbat quase derrotado. Ele recuperou seu fôlego e voltou para a ação.
"Cabeçada Zen de novo!" exclamei, torcendo para que ele fosse embora de uma vez por todas.
...
"Ah, muito bom garota! Muito bem! Agora pode descansar um pouco. Eu também vou fazer isso, acho que é uma ótima hora para dormir e tentar acordar mais tarde. Naiad, acho que você vai ser a próxima. Só me dá um tempo para eu não desistir de respirar."
E assim eu bati meu recorde de menor tempo entre uma frase e o primeiro ronco.
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